Vamos falar de mordidas?

As mordidas entre as crianças geralmente são um assunto que sempre causam muitas confusões. Os pais da criança que mordeu se sentem constrangidos e culpados, enquanto a família da criança que foi mordida se sente agredida e se questiona em relação aos cuidados que o filho está recebendo no ambiente escolar.
Em primeiro lugar é importante que se saiba que esse comportamento de morder faz parte do desenvolvimento e é normal até os 3 anos de idade e passa quando a criança adquire novas habilidades.
O bebê entra em contato com o mundo através da boca, é seu modo de reconhecer objetos, experimentar, sentir, por isso sempre que se interessa por algo quer levar a boca. Também a utiliza para rejeitar ou aceitar alimentos, se comunicar, sorrir, chorar, balbuciar, etc.
As mordidas também são uma forma de comunicação e de se conhecer o outro. A princípio, as crianças não sabem avaliar as consequências de suas mordidas e nem a força que podem colocar. Muitas vezes, o ato de morder é um modo de estar perto do amigo que gostam ou de partilhar uma intimidade como comer alguma coisa gostosa.
Nessa fase, a criança ainda está acostumada a ter seus desejos atendidos prontamente, são egocêntricos e é muito comum demostrar sua insatisfação através de mordidas ou empurrões enquanto não aprende a falar direito. Dizemos que enquanto a criança não tem domínio da linguagem oral, ela manifesta suas emoções através da linguagem corporal.
Cada criança tem seu modo de reagir diante do que sente e do que acontece ao seu redor. Quando contrariadas ou nas disputas por brinquedos, alguns choram, outros esperam que um adulto ajude e outras reagem mais intensamente, batendo ou mordendo.
Morder também pode ser uma forma da criança lidar com a ansiedade. Já que ainda não consegue organizar e compreender direito suas emoções, ela descarrega o ciúmes, a insegurança na mordida.
É preciso ter calma quando acontecer este tipo de comportamento. Conversar com a criança, mostrar que dói. Com o tempo, conforme a criança vai aprendendo a se comunicar melhor através da linguagem, começa a trocar as mordidas pelas palavras, conseguindo, aos poucos, organizar e expressar seus sentimentos e insatisfações de outra maneira.
fonte: Solange Truda, psicóloga